No dia seguinte ao término do seminário de Taijiquan (Tai Chi Chuan) com o Grão-Mestre Chen Xiaowang, deixamos o vilarejo da família Chen, em direção à Luoyang, para visitar as grutas de Longmen, logo ao sul da antiga capital da China. As grutas são escavadas na pedra-sabão das encostas das montanhas Longmen e Xiang, às margens do rio Yi. Dentro das grutas, também entalhadas diretamente na pedra, estão as imagens dos Buddhas, medindo de 2cm a 17 metros de altura. São cem mil estátuas em mil e quatrocentas grutas, que hoje são consideradas patrimônio mundial da humanidade pela UNESCO. As imagens foram entalhadas entre o ano 493 e 1127, e hoje o governo construiu um moderno sistema de acesso, para comportar o turismo crescente.
Shaolin foi nossa próxima parada. O mosteiro, famoso por sua história e pelas lendas que o envolvem, também é destino de um turismo interno intenso. Um enorme estacionamento acolhe os ônibus que despejam os milhares de visitantes diários, que adquirem seus ingressos para o sítio histórico numa gigantesca praça cercada por lojas de souvenirs, em cuja entrada fica a estátua de Boddhidharma. Uma larga avenida lotada de pedestres leva até o monte Song, onde fica o mosteiro. No caminho, pode-se assistir a um espetáculo de alunos da escola de artes marciais vizinha. Até há alguns anos atrás, o mosteiro era cercado de pequenas escolas de kungfu, que ensinavam estilos mais ou menos apócrifos, e foram removidas para a cidade de Dongfeng, com a remodelagem do sítio histórico. Apenas uma grande escola foi autorizada a ficar próxima do mosteiro.
A primeira vista que se tem do mosteiro é o portão de entrada, e é normalmente esta a fotografia que estamos acostumados a ver. Mas por dentro, o mosteiro é muito maior. Depois do portão, passa-se pelos Jingang, os guardiões de Buddha. No primeiro pátio pode-se ver a lápide de homenagem ao monges que lutaram na batalha da dinastia Tang, e cuja participação nesta batalha levou ao apoio do imperador ao mosteiro. Dentre os pavilhões que se sucedem, o mais significativo para as artes marciais é o último, onde o chão de paralelepípedos foi afundado em vários locais, por gerações consecutivas de monges que praticavam ali.