Recentemente, um aluno disse-me, “eu gosto da sua aula porque você ensina sempre a mesma coisa”. Ele acertou na mosca. O Taijiquan (Tai Chi Chuan) é uma arte baseada em princípios, e não em técnicas. Existem inúmeras técnicas, mas elas derivam de apenas dois princípios: naturalidade, e o [princípio de movimento]. Por isto foi possível sistematizar a didática, e criar poucos exercícios de Chansigong, que ensinam diretamente estes dois princípios.
Estou escrevendo esta reflexão em fevereiro de 2015. Comecei a praticar Taijiquan (Tai Chi Chuan) da família Chen há 16 anos, e fui aceito como aluno à portas fechadas de Chen Yingjun há 13 anos. Nestes útlimos 13 anos, meu professor ensinou-me apenas uma forma, exceto por uma ocasião em que foi preciso introduzir uma segunda forma para corrigir um problema no meu movimento. Mas esta segunda forma foi ensinada em um mês, e nos outros 155 meses, toda correção que recebi foi na mesma forma: a Laojia. Quando uma arte é baseada em princípios, não é necessário aprender uma multiplicidade de formas. Sua curiosidade por técnicas dimimui, conforme você se aproxima dos princípios.
Como professor, minha opção é, por várias razões, seguir o método de [Chen Yingjun]. O melhor motivo foi ter verificado, no meu próprio corpo, como seu modo de ensinar é eficiente. O foco mental desenvolvido pela concentração em apenas poucas coisas para aprender cria um efeito análogo no corpo, o que facilita o aprendizado. Por outro lado, ao dar aulas seguindo esta caminho ortodoxo, vejo a liberdade que isto me confere.
Um professor que se rende ao modo moderno de pensar, e que trata sua arte como um objeto de consumo, se cercará naturalmente de alunos com um estado mental consumista. Ele se obrigará a procurar sempre por coisas diferentes para ensinar aos seus alunos, para suprir sua demanda. Se não agir assim, o que ele tem a ensinar acaba, pois ele baseou sua escola na diversidade e tornou-se um escravo disto.
Um professor que ensina sempre a mesma coisa, por outro lado, atrairá alunos que têm o desejo de dedicar-se a aprender algo profundamente, cuja mente prefere a possibilidade de concentrar-se e focalizar um só objeto. Isto conduz à meditação. Este professor cria para si um ambiente que conduz a própria prática a níveis cada vez melhores, porque o que ele precisa ter para ensinar não é diversidade de formas, mas profundidade de conhecimento. Por isto ele é livre para cultivar a sua arte.
Estes são o ambiente e o estado mental apropriados para a prática e o ensino do Taijiquan (Tai Chi Chuan) da família Chen.
Em tempo: o Taijiquan (Tai Chi Chuan) da família Chen tem poucas formas. São apenas 4 formas de mãos livres (as outras são resumos simplificados), e 6 formas com armas tradicionais.