Após visitarmos o mosteiro de Shaolin, seguimos para Luoyang onde tomamos o trem para Huashan. O moderno trem-bala levou-nos até a cidadezinha ao pé das montanhas em pouco mais de duas horas. A cidade existe praticamente só por causa do Templo de Yu Quan, e da famosa cadeia de montanhas onde sábios Taoístas se refugiavam antigamente para viver em reclusão e meditação.
Em Huashan praticamos Taijiquan (Tai Chi Chuan) sob a orientação de Jan Silberstorff. O conteúdo da prática foi propositadamente o mesmo que o do seminário com o Grão-Mestre Chen Xiaowang, as formas Laojia e Xinjia. No entanto, o treinamento foi focado na correção das posturas: durante a execução da forma, Jan mandava que os praticantes parassem e ajustava detalhadamente a postura de cada um. Esta é talvez a prática mais importante para modificar o corpo, e aprender o que há de realmente especial no Taijiquan (Tai Chi Chuan). Os treinos foram realizados no pátio interno do Templo da Fonte de Jade, uma área à parte do mosteiro à que os turistas não têm acesso, e portanto calma e silenciosa. Aos pés das montanhas de Huashan, não poderia haver local mais apropriado para treinar Taijiquan (Tai Chi Chuan).
Além do treinamento de posturas e do refinamento dos ensinamentos que recebemos sobre as formas em Chenjiagou, Jan ministrou palestras sobre filosofia Taoísta, e explicou o caminho a ser trilhado e o método de meditação sentada. Os ensinamentos eram aplicados no início das tardes, quando íamos ao pátio onde os monges meditam – uma seção ainda mais reservada dentro do mosteiro, e não mais do templo, onde fomos admitidos somente por estarmos sendo guiados por Jan.
Depois de tanto treinamento, a recompensa foi a subida aos picos de Huashan. A subida pode ser feita à pé, pois atualmente há uma imensa escadaria que percorre todo o vale por entre as montanhas, mas toma 6 horas de caminhada ascendente, se você tiver bom preparo físico e não parar para descansar. Com as pernas exaustas pelos treinos, todos escolhemos pegar o teleférico que sobe pelo mesmo vale, até chegar ao pico mais baixo dentre os cinco. Na estação do teleférico, no alto do pico sul, começa uma caminhada que por sua vez pode tomar mais 3 ou 4 horas, para visitar todos os cinco picos. As montanhas são de uma beleza esplendorosa, mas o que mais impressiona é pensar nos eremitas de antigamente, que as subiam a pé, sem nenhuma medida de conforto, para viver em reclusão e meditação no alto dos picos. Hoje há um pequeno templo num dos picos, para lembrá-los.