Eu vinha praticando vários exercícios corporais chineses havia anos, inclusive algo que era chamado de Taijiquan (Tai Chi Chuan) vindo de fontes muito pouco confiáveis, quando recebi um panfleto anunciando o primeiro seminário do Grão-Mestre Chen Xiaowang no Brasil. O ano era 1998, e a internet estava apenas começando a se difundir. Não havia sites sobre Taijiquan (Tai Chi Chuan), e o Estilo Chen era pouco conhecido na maioria dos países. O Youtube sequer existia, e não havia redes sociais. Eu tinha lido o nome do Grão-Mestre numa liste de distribuição de emails, mas eu não fazia idéia da sua importância.
O seminário aconteceria em Petrópolis, então avisei a alguns amigos, e nos inscrevemos. No primeiro dia, Chen Xiawang daria uma pequena palestra e então uma demonstração. A palestra começou com ele dizendo, “quando meu ancestral Chen Wangting voltou da guerra…“. Isso já foi tocante para a maioria dos presentes, já que estávamos acostumados apenas à lendas sobre monges Taoístas e coisas do gênero, e nunca havíamos tido um relato em primeira mão como aquele.
Então, ele se levantou e mostrou-nos o que o Taijiquan (Tai Chi Chuan) real é. A platéia tinha aproximadamente 40 pessoas, sentadas em cadeira de metal dobráveis, daquelas de armar. Chen Xiaowang começou mostrando o Pao Chui, forma também chamada de Punho de Canhão. Os primeiros poucos movimentos são lentos e suaves como na Laojia Yilu. Todos ficamos hipnotizados pelo seu equilíbrio e fluidez. Então ele chegou aos movimentos explosivos. A platéia sofreu um choque tão intenso pela sua força incontida que as 40 cadeiras moveram-se todas juntas um palmo para trás, empurradas pelas pessoas espantadas. Quando ele terminou, precisamos de alguns segundos para recobrar-nos do choque, antes de começarmos a aplaudir.
Percebi imediatamente que eu jamais havia sequer visto Taijiquan (Tai Chi Chuan) antes, e decide abandonar todas as outras práticas que fazia para dedicar-me unicamente ao Taijiquan (Tai Chi Chuan) segundo o método do Grão-Mestre.