A vida passa devagar no interior. Depois de alguns dias aqui, começa-se a perceber o quanto o nosso ritmo de vida é acelerado, e como a mente demora para aceitar um novo ritmo. Uma prática meditativa como o Taijiquan (Tai Chi Chuan) tem muito a ganhar com uma rotina mais tranquila, aliás com uma rotina mais parecida com aquela em vigor na época em que foi criada. Quando se tem pouco a fazer além de treinar, a mente naturalmente se concentra na prática, e se acalma. Isto permite que o corpo, também naturalmente, relaxe mais, e aprenda melhor. Por isto a frase “Comer dormir treinar” é uma meia-brincadeira para descrever uma situação que favorece a dedicação e a meditação.
Uma hora de Zhanzhuang é um tempo longo, especialmente depois de receber as correções de Chen Yingjun, que fazem com que o seu corpo pareça muito pesado. Os pés se enterram no chão, as pernas e o tronco ficam firmes como pilastras, e o tempo demora ainda mais a passar. Por um lado, o corpo quer sair da posição imediatamente, para evitar o esforço, por outro, quer ficar porque a sensação de estabilidade é agradável e calmante. O tempo não é medido com um relógio, e o final do exercício é determinado pela sensação do mestre, que pratica junto com os alunos, de quanto tempo já passou – o que torna o desafio de permanecer imóvel um pouco mais exigente. “Será que ele esqueceu? Será que hoje está nos deixando aqui um pouco mais? Será que ele entrou em meditação e não sentiu o tempo passar?”. Como praticamos, por acaso, voltados para o oeste, o sol descendo no horizonte dá uma idéia vaga do andar preguiçoso dos minutos. Depois do Zhanzhuang, Desenrolar o Fio da Seda, seguindo-o. O corpo, depois de ficar na postura corrigida, move-se como uma unidade, e ao seguir Chen Yingjun, faz o movimento espiral com naturalidade. Depois do treino, algumas explicações teóricas, em chinês, é claro.