Outro dia, um companheiro de treino e eu praticamos bastante Tuishou. Depois, como de costume, praticamos individualmente com Chen Yingjun. Este amigo esforçou-se além da conta para mover o mestre, sem sucesso é claro, e acabou com uma contratura atrás da escápula direita, que causava dor dali até o pescoço. Conseguimos algumas agulhas num hospital próximo, e eu tratei com êxito a contratura. A família, aqui, ficou bem impressionada, afinal um brasileiro aplicando Acupuntura na China, num chinês, não é todo dia que se vê.
É espantoso como o corpo pode mudar com algumas semanas de contato com um mestre, depois que você já tem algum tempo de prática. Existem alguns ditados antigos do tipo “Um encontro com o mestre vale o peso dele em ouro”, que podem parecer exagerados, mas cada vez que encontro Chen Yingjun, isto me vem à cabeça. Um mestre deste nível é capaz de levar o corpo aluno a uma precisão de alinhamento que este nunca conseguiria alcançar sozinho. Quando digo nunca, digo-o textualmente – mesmo que o aluno passasse toda a vida praticando, não atingiria aquele patamar, pois não se trata de aumentar a capacidade de fazer algo, trata-se de fazer algo diferente com o corpo, algo que o corpo ainda não conhece. Todo encontro com o mestre é, assim, um recomeço: aprende-se de novo a mover o corpo, de uma maneira nova e diferente da anterior, aprende-se novamente a mesma sequência de movimentos, mas usando o corpo de maneira renovada. Por isto não é preciso aprender várias formas, basta praticar Laojia Yilu, e a cada encontro com o mestre você aprenderá uma forma nova.